A Uniswap continua sendo uma das exchanges mais usadas do mundo. Só na última semana, movimentou mais de 20,7 bilhões de dólares.
Mas o mais interessante é que, mesmo sempre no topo, esse ano o time resolveu construir uma nova blockchain.
Por quê?
Porque, mesmo com todo o otimismo em torno do DeFi, ainda tem coisa básica que não anda. E o pior: virou normal.
Foi daí que veio a Unichain — uma L2 criada pela Uniswap Labs pra mexer na base onde o DeFi roda hoje.
Mais uma L2? Sim. Mas com decisões técnicas que vão na raiz de problemas que a maioria preferiu empurrar.
Vamos a elas.
A ordem das transações pode ser manipulada
Antes de uma transação ser confirmada, ela passa por uma fila de espera pública chamada mempool.
Quem sabe ler essa fila consegue agir antes de você. Bots especializados escaneiam o que está prestes a acontecer, preveem o impacto da sua transação e se antecipam — comprando ou vendendo antes que você consiga apertar “confirmar”. É o que chamam de MEV. A blockchain não proíbe. Pelo contrário, permite.
Você não vê esse custo no recibo, mas ele existe. E quem não tem bot, script ou acesso privilegiado ao sequencer, joga sempre em desvantagem.
Se sua transação falhar, você paga do mesmo jeito
Você pode errar o valor, o contrato pode falhar, o preço pode escapar — não importa. O gas já era.
Testar é arriscado. Explorar também. E pra quem tá começando, esse tipo de punição mata a curiosidade antes dela virar uso real.
Cada L2 virou um território próprio
A proposta era escalar o Ethereum. Mas a prática virou outra: ecossistemas separados, cada um com sua liquidez, seu sequencer, seu token e sua ponte.
Mover recursos entre redes exige tempo e muita atenção. Pra quem tá fora do dia a dia cripto, parece que está usando várias redes diferentes. Porque está.
Um único operador decide tudo
A maioria das L2s depende de um único sequencer. É ele que organiza a fila, monta os blocos, publica na rede. E, mesmo quando segue as regras, não tem ninguém olhando de fora.
O sistema funciona — até não funcionar.
Diante de tudo isso, a Uniswap podia simplesmente seguir em cima da estrutura que já existe. Mas quando você lidera em volume, em liquidez e em uso real — e ainda assim decide montar sua própria blockchain — é porque cansou de contornar problema.
A Unichain nasce desse incômodo.
Uma L2 construída do zero pra atacar esses pontos de frente.
A primeira mudança começa no bloco. Literalmente.
Em vez de deixar a ordenação nas mãos de um sequencer, a Unichain passa tudo por um TEE — um ambiente seguro que impõe regras claras de prioridade. É como colocar um fiscal entre o usuário e o sequencer. Não entra quem tem acesso. Entra quem paga mais taxa. E ponto.
Isso já ataca direto uma parte do problema do MEV. Quando a ordem da fila é transparente e verificável, o espaço pra manipulação diminui. Quem antes jogava com vantagem perde terreno. E quem só quer fazer uma transação normal tem mais previsibilidade no que vai receber de volta.
O segundo ponto é menos falado, mas talvez mais importante: o custo do erro. Na Unichain, transações são simuladas antes de serem executadas. Se vão falhar, nem entram no bloco. O usuário não paga. É uma coisa simples, mas deveria ter existido há muito tempo. Porque uma rede que penaliza experimentação é uma rede que trava novos usuários na borda.
Com isso, vem a terceira camada: velocidade.
Os Flashblocks — blocos menores emitidos a cada 200 milissegundos — permitem execuções mais rápidas e precisas.
Pra quem depende de tempo e liquidez, isso faz toda diferença.
E pra não repetir o erro de concentrar tudo em um único ponto de controle, a Unichain criou uma rede de validadores chamada UVN. Eles acompanham o que o sequencer faz — em tempo real — e recebem por isso.
Tem, finalmente, gente olhando pro que o sequencer tá fazendo.
E isso é só o começo.
Segundo o time da Uniswap Labs, outras mudanças já estão no roadmap — e todas seguem a mesma lógica: ajustar o que foi aceito como normal, mas nunca fez sentido.
Este conteúdo faz parte da série de educação em blockchain com apoio da NovaDAX.