O Que a Vida Deveria Significar Para Você
Resumo do livro by Alfred Adler publicado no ano de 1931
Recentemente terminei de ler o livro “O que a vida deveria significar para você”, no qual tive muitos insights sobre como somos livres para escolher a forma como vemos o mundo.
Tem uma sensação desconfortável? Tenha coragem de ver os pontos positivos de sentir isso. Sim, eu disse coragem! Em meio a uma sensação pessimista, é preciso muita coragem para superar as limitações que aquela sensação impõe.
A partir da consciência de si mesmo e do esforço contínuo para a transmutação mental, acontece a metamorfose.
Você dificilmente pode culpar os outros por seus sentimentos. Somos livres para escolher o que sentimos. É tudo sobre o significado que nós mesmos damos às nossas experiências.
Claro que esta foi apenas uma parte das informações fornecidas pelo autor.
O livro aborda questões muito mais complexas relacionadas à psicologia humana, como memórias, complexo de superioridade e inferioridade, neuroses, influências familiares e escolares, complexo de Édipo e como a maioria dos nossos problemas podem ser solucionados, principalmente, quando voltamos nossa atenção para a contribuição, interesse nos outros e cooperação com a humanidade.
É por isso que hoje vou tentar resumir as informações que, para mim, foram pontos de virada fundamentais para uma melhor compreensão sobre mim e do mundo circundante.
O Que a Vida Deveria Significar Para Você
A raiz de todos os problemas mentais, consequentemente dos problemas sociais, está relacionada ao sentido errado que damos à vida.
Qual o sentido da vida?
Obviamente, ninguém possui o sentido absoluto da vida, mas quando questionamos isso, toda resposta deve estar sempre condicionada ao fato de pertencermos à humanidade.
A humanidade está ligada por três laços principais:
O primeiro é que estamos vivendo na crosta deste planeta, a Terra, e em nenhum outro lugar. Devemos nos desenvolver dentro dos limites que nosso lugar de habitação nos apresenta.
O segundo é que não somos os únicos membros da raça humana. Existem outros ao nosso redor e estamos vivendo em associação com eles. A fraqueza e os limites individuais do ser humano impossibilitam-no de assegurar seus próprios objetivos isoladamente. Se vivêssemos sozinhos e tentássemos resolver nossos problemas sozinhos, não evoluiríamos.
O terceiro laço no qual estamos presos é que os seres humanos vivem em dois sexos. A preservação do indivíduo e da vida social deve levar em conta este fato. O problema do amor e do casamento pertence a este terceiro laço.
Esses três laços, portanto, estabelecem três problemas: como encontrar uma ocupação que nos permitirá sobreviver dentro das limitações impostas pela natureza da terra; como encontrar a melhor forma de contribuir e cooperar com nossos companheiros; como nos acomodar ao fato de que vivemos em dois sexos e que a continuidade e o progresso da humanidade dependem de nossa vida amorosa.
É na resposta a estes três problemas que cada ser humano revela infalivelmente o seu profundo sentido da vida.
Contribuição, Interesse Pelos Outros e Cooperação
Todo ser humano luta por um sentido da vida; mas as pessoas sempre cometem erros se não perceberem que todo o seu sentido deve consistir em sua contribuição para a vida dos outros.
De muitas maneiras, o autor explica que o desenvolvimento da personalidade do ser humano deve ter como objetivo central a contribuição, o interesse pelo outro e a cooperação. A falta desses elementos na formação da personalidade de uma criança é a grande causa de graves problemas mentais.
É claro que uma criança não desenvolve sua personalidade sozinha, e construir uma personalidade com base nesses princípios requer a ajuda de pessoas com essa sabedoria.
Porém, em nossa cultura atual, estamos mais preparados para a competição do que para a cooperação. Isso é um desastre para a nossa sociedade. Não que a competição seja algo negativo, se trabalhada da maneira certa para autossuperação e autodesenvolvimento é ótima. Mas crianças educadas para pensar apenas em si mesmas é o que cria o verdadeiro caos no qual estamos acostumados.
Neuroses, complexo de superioridade, psicoses, crimes, suicídios, perversão são consequências para pessoas sem um verdadeiro sentido de vida. O sentido que essas pessoas dão à vida é um sentido privado: ninguém mais é beneficiado pela realização de seus objetivos e seu interesse se detém em suas próprias pessoas. Seu objetivo de sucesso é um objetivo de mera superioridade pessoal fictícia e seus triunfos têm significado apenas para si mesmos.
No entanto, nunca podemos culpar essas pessoas, ninguém nasce sabendo que a vida é mais bela quando contribuímos, nos preocupamos com os outros e cooperamos com o todo. Isso deve ser ensinado.
No decorrer do livro Adler explica como uma pessoa cuja vida amorosa está incompleta, que não se esforça em sua profissão ou que tem poucos amigos, considera a vida como uma coisa difícil e perigosa. Para essas pessoas a vida significa: preservar-me contra a dor, proteger-me, permanecer intocado.
Em contradição, pessoas cuja vida amorosa é uma cooperação íntima, cujo trabalho resulta em realizações úteis, cujos contato com seus amigos são amplo e frutífero, sentem a vida como uma tarefa criativa, oferecendo muitas oportunidades e nenhuma derrota irrecuperável. Para essas pessoas a vida significa: estar interessado em meus companheiros, fazer parte do todo, contribuir com minha parte para o bem-estar da humanidade.
A vida das pessoas que realizam com sucesso os três aspectos essenciais são vividas com coragem de enfrentar todos os problemas da vida.
Determinismo
A abordagem sobre o determinismo foi uma das coisas que achei mais fantástica no livro. Nesse aspecto, o autor vai contra a teoria do determinismo defendido por Freud em relação aos traumas.
Para Adler, nenhuma experiência é causa de sucesso ou fracasso.
Ou seja, nem tudo está perdido.
Pessoas com trauma significativo podem mudar sua perspectiva sempre que quiserem. É tudo uma questão de escolha e coragem. Afirmar que você tem traumas e é por isso que não pode fazer certas coisas apenas tira sua responsabilidade de se esforçar de verdade.
Claro que muitas vezes é necessária a ajuda de outras pessoas, e é por isso que existem os profissionais da psicologia.
Mas deixar as coisas como estão e atribuir a culpa a algo ou a alguém é o que pode realmente levá-lo ao fracasso.
Não sofremos com o choque de nossas experiências — o chamado trauma — mas fazemos delas exatamente o que serve aos nossos propósitos.
Se nosso propósito é deixar que o passado determine nosso futuro, que assim seja. Mas saiba que temos o livre arbítrio para mudar nossos propósitos sempre que quisermos.
Adler também descreve as dificuldades enfrentadas por pessoas cujos órgãos são imperfeitos. Nesse caso, ele também defende que nunca devemos utilizar a condição física de uma pessoa como um motivo para o fracasso.
Nenhuma imperfeição dos órgãos obriga a um estilo de vida equivocado. Nunca encontramos duas pessoas cuja deficiência tenha os mesmos efeitos sobre elas. Muitas vezes vemos pessoas que superam as dificuldades e que, ao superá-las, desenvolvem habilidades incomuns.
E é por isso que Adler se opõe a esquemas de seleção eugênica:
Muitos dos homens mais eminentes, homens que deram grande contribuição à nossa cultura, começaram com órgãos imperfeitos; muitas vezes sua saúde era ruim e às vezes eles morriam cedo. É principalmente daquelas pessoas que lutaram arduamente contra as dificuldades, no corpo como em outras circunstâncias, que vieram avanços e novas contribuições. A luta os fortaleceu e eles foram mais longe.
Em todo contexto, ele mostra que quando estamos dispostos a superar nossos limites, nós superamos. E tudo isso se torna muito mais fácil a partir do momento em que voltamos nossa atenção para o bem-estar do próximo.
Cooperação, contribuição, mudança de perspectiva, sentido de vida adequado e uma sociedade mais feliz.
Resumidamente o autor fala sobre isso.
Espero que tenha feito sentido para você assim como fez para mim.
Bjs