Apesar do último ano ter sido marcado por contratempos significativos nas finanças descentralizadas, o ecossistema conseguiu manter a resiliência da demanda e se posicionar como uma diversificação de serviços financeiros com atributos mais eficientes, desburocratizados e com menos intermediários.
Incluindo uma ampla variedade de protocolos e instrumentos financeiros, se faz necessário contextualizar as diferentes aplicações do ecossistema, portanto, este artigo é minha tentativa de enquadrar alguns dos casos de uso mais populares do DeFi.
Exchanges Descentralizadas (DEXs)
Compra e venda de criptomoedas sem custódia. A experiência do usuário nessas corretoras é semelhante às tradicionais, exceto que você deve ter sua própria carteira de cripto. Dependendo da exchange, é possível realizar ordens de compra limitada, stop loss ou vender criptos diretamente no mercado.
Até o momento, o volume de negociação das exchanges descentralizadas está em uma média de US$ 75 bilhões em transações mensais, com a Uniswap dominando quase 50% de todo o volume com uma participação de mais de US$ 34 bilhões mensais.
Protocolos: Uniswap, Curve, PancakeSwap, Balancer e SushiSwap
Stablecoins
Tokens cujo valor está vinculado a um ativo estável ou grupo de ativos. Atualmente, grande parte da atividade DeFi se concentra em transações feitas com stablecoins. Isso ocorre porque as criptomoedas apresentam alta volatilidade de preço, enquanto as stablecoins conseguem manter seu preço estável — geralmente preferido para uso como unidade de conta.
USDT, USDC e BUSD são as mais populares do ecossistema e têm seu preço atrelado ao dólar americano.
Protocolos: Tether, USDC, Binance USD, DAI e FRAX
Empréstimos
Plataformas de empréstimos com criptomoedas. Aqui, o usuário disponibiliza suas criptomoedas para um protocolo que então empresta essas criptomoedas para outra pessoa. Em troca, os credores recebem juros passivos sobre seus ativos emprestados.
A peculiaridade dessa abordagem é que não é necessário abrir uma conta, todo o processo é feito por meio de contratos inteligentes. As transações ocorrem no blockchain e, portanto, são armazenadas de forma segura e transparente. Isso cria um ecossistema descentralizado de mutuários e credores que está aberto a usuários em todo o mundo.
A Aave é líder do setor com mais de US$ 4 bilhões em valor total bloqueado (TVL).
Protocolos: Aave, Compound, MakerDAO, Furucombo, e Venus
Staking
Os protocolos de staking são um dos maiores campos de aplicação no ecossistema DeFi. Funciona de forma muito semelhante aos depósitos para empréstimos, com a diferença que são usados exclusivamente para a segurança da rede e não são emprestados. O usuário deposita seus tokens e recebe juros como recompensa.
O Lido Finance, principal provedor de staking, facilita a participação no fornecimento de staking para detentores dos tokens ETH, SOL, MATIC, DOT e KSM, o que permitiu ao protocolo se estabelecer como líder no ecossistema DeFi com base no Valor Total Bloqueado (TVL), com mais de US$ 8 bilhões bloqueados em seus contratos inteligentes.
Outros provedores de staking como Coinbase, Rocket Pool, Stader e Ankr também tem grandes participações, embora representem uma quantidade muito menor de depósitos em comparação com o Lido.
Protocolos: Lido, Coinbase, Rocket Pool, Stader e Ankr
Derivativos
Mercados para hedge, criação de ativos sintéticos, alavancagem ou especulação. Os derivativos descentralizados permitem que os usuários sejam expostos ao movimento de preços de ativos sem realmente possuir o ativo. Os tipos mais comuns de derivativos em DeFi são commodities, ações, moedas fiduciárias, contratos perpétuos e opções.
Atualmente, a GMX é líder na categoria de derivativos oferecendo negociação de contratos perpétuos com opções de alavancagem de até 50x.
Protocolos: GMX, dYdX, Synthetix, Opyn e Perp
Soluções de Pagamento
Solução de serviços de pagamento ponto a ponto. Essas soluções, além de agilizar os pagamentos internacionais transfronteiriços, torna o sistema econômico mais aberto às populações não bancarizadas. Tudo feito em uma infraestrutura blockchain utilizando contratos autoexecutáveis.
Protocolos: Flexa, Sablier, Llama Pay e Superfluid
Carteiras de Autocustódia
As carteiras de autocustódia são a porta de entrada para interagir com aplicativos DeFi. Autocustódia significa ter o controle total sobre suas próprias criptos, ou seja, ser responsável por manter suas chaves públicas e privadas. Essas carteiras permitem que os usuários enviem e recebam criptomoedas ou interajam com aplicativos descentralizados.
A Metamask é a maior carteira de autocustódia com mais de 30 milhões de usuários ativos mensais e está integrada a quase todos os aplicativos DeFi.
Protocolos: Metamask, Guarda Wallet, Coinbase, Trust e Argent
Seguros
Seguro de ativos em caso de riscos relacionados a bugs e violações de contratos inteligentes. Várias alternativas de seguros estão surgindo no mercado DeFi com o objetivo de criar uma gestão de riscos mais refinada e aumentar a confiança dos usuários em relação a perdas e roubos.
Protocolos: Nexus Mutual , Evertas, Etherisc, Unslashed , Insurace, Coincover
Tokenização de Ativos
Representação de ativos financeiros na blockchain. As plataformas de tokenização de ativos permitem que as empresas convertam ativos do mundo real em tokens digitais. Dessa forma, conseguem ampliar o acesso dos ativos para mais investidores. É possível tokenizar qualquer ativo: imóveis, metais preciosos, ações, bens físicos, propriedade intelectual, times esportivos, música, arte ou colecionáveis.
Protocolos: Propy, Polymath , Purplefi , Maecenas e Blocksquare