O mercado de NFT foi por muito tempo dominado pela Opensea, mas seu tempo de supremacia parece ter chegado ao fim. Desde o seu lançamento em 2017, a plataforma conseguiu manter uma estrutura de incentivos realmente competitiva em comparação com seus concorrentes, oferecendo uma taxa de transação fixa de 2,5% e royalties de 10% para os criadores. No entanto, mesmo cobrando taxas menores e pagando mais royalties, o mercado ainda tinha muito o que melhorar.
Embora a Opensea ofereça a capacidade de interagir com os NFTs do blockchain, seu modelo de negócio é totalmente centralizado. Esse sempre foi um ponto de discórdia entre a comunidade que justificadamente ansiava por uma experiência de mercado descentralizada. O fato de terem uma abordagem centralizada para praticamente tudo os levou a fazer vários ajustes de última hora que impactaram significativamente o ecossistema. O mesmo aconteceu com as mudanças negativas no valor dos royalties pagos aos criadores e na política de itens roubados da plataforma.
Outro ponto problemático ao qual eles não prestaram muita atenção foi a tendência de financeirização que estava surgindo com os NFTs. Traders inteligentes sempre encontram oportunidades de lucro em mercados emergentes. No entanto, os altos custos operacionais das taxas de 2,5% têm impacto direto na rentabilidade líquida das negociações realizadas pelos traders. Quanto maior a taxa, maior o impacto na rentabilidade do investimento. Portanto, a plataforma não era muito indicada para esse tipo de negociação. A Opensea sempre soube disso e, apesar de ter sido antagônica aos traders, lucrava bastante com eles.
Na tentativa de preencher essas lacunas, o Blur.io foi lançado em outubro de 2022 com um modelo de negócio descentralizado, uma estratégia totalmente voltada para traders profissionais oferecendo taxa 0 de transação e um programa de fidelidade que promete recompensas futuras na forma de airdrops do seu token BLUR.
Foram necessárias apenas algumas melhorias certeiras de infraestrutura no Blur para que a Opensea ficasse definitivamente na poeira. Para você ter uma ideia, nos últimos 30 dias o volume de vendas do Blur conseguiu alcançar US$ 1,42 bilhão, em comparação com os US$ 374 milhões da Opensea.
Além disso, o lançamento do seu token de governança (BLUR) foi realmente um sucesso. Houve uma migração massiva de usuários da Opensea para o Blur após o lançamento deste token. Mais de 13,6 mil carteiras foram migradas em uma semana, de acordo com dados do Dune. O programa de fidelidade basicamente recompensa qualquer trader que usa a plataforma com tokens BLUR. E recompensa ainda mais aqueles que pagam taxas de royalties aos criadores.


A essa altura, a Opensea não via muito o que fazer. Em uma tentativa desesperada de reter os traders, respondeu cortando royalties e suspendendo temporariamente as taxas de transação para certas coleções. Eles não podiam mais liderar a indústria em royalties se seu volume estivesse sendo drenado para o Blur. Para os traders, que não seriam mais obrigados a pagar royalties e taxas, essa mudança seria ótima. Mas para os artistas, que geram receita por meio dos royalties após a venda de seus NFTs, a mudança foi novamente frustrante.
Ou seja, mais um motivo para abandonarem o barco.
Okay, o Blur conseguiu provar que uma nova abordagem em relação aos incentivos funciona, mas esse programa de fidelidade é sustentável a longo prazo? Bom, eles não deixaram isso claro.
O que ficou claro é que os usuários fazem de tudo para quem oferece o melhor incentivo, e que o impacto causado por essa nova forma de estruturar o mercado tende a reforçar as tendências de financeirização dos NFTs.
Nem todo mundo está feliz com isso, é claro. A evolução de um ecossistema que prioriza os colecionadores para um ecossistema que também prioriza os especuladores abala o status quo dos ideologistas que defendem a narrativa cultural em torno dos NFTs.
Mas… como já sabemos, no ciclo de vida de qualquer comércio que promova a obtenção de lucro, a financeirização acaba sendo inevitável.