Blockchain na Gestão de Supply Chain
Muitas indústrias enfrentam desafios na gestão da cadeia de suprimentos. Mesmo que tecnologias de gestão integrada (ERP) tenham melhorado consideravelmente o compartilhamento de informações dos processos de produção, ainda são caracterizadas com um alto grau de falta de transparência.
Indústrias que precisam lidar com múltiplos participantes, ampla variedade de informações e fluxos financeiros devem utilizar infraestrutura de redes para integrar todos os setores da cadeia produtiva, de modo a alinhar o fluxo de tarefas e garantir a comunicação efetiva dos participantes internos (colaboradores) e externos (fornecedores).
Na maioria dos casos é implementado softwares como ERP que atuam como gerenciadores dos processos corporativos. No entanto, os sistemas ERP podem ser interligados apenas com os setores internos da empresa, o que dificulta obter uma visibilidade geral de todos os elementos da cadeia de suprimentos.
Por exemplo, tentar integrar informações de uma transação envolvendo um comerciante, um fornecedor e um banco que fornece capital de giro para o fornecedor criar os produtos, é praticamente impossível. As informações são isoladas. Portanto, as três partes envolvidas não conseguem ter acesso a todos os fluxos do processo de produção, apenas as subetapas do processo que estão diretamente antes ou depois de sua etapa, o que aumenta a probabilidade de erros na execução.
Outro problema comum que atrapalha a gestão da cadeia de suprimentos é que, por não conseguir uma visibilidade de ponta a ponta, o sistema falha na sincronização das atividades. A sincronização das atividades é um aspecto essencial para otimizar os processos de entrada e saída das indústrias que trabalham sob demanda, pois precisam de visibilidade em tempo real sobre a escassez de produtos ou matéria-prima para gerenciar as remessas e os estoques.
Um sistema baseado no blockchain suporta comunicação integrada, transparente e sincronizada.
Devido ao seu caráter distribuído, todos os participantes de uma rede blockchain conseguem rastrear o status de qualquer transação. O rastreamento permite que os participantes ao longo da cadeia produtiva coletem e compartilhem informações exatas de maneira inviolável, incluindo o monitoramento/controle da qualidade do produto, controle da operação, conformidade regulatória, aquisição de dados em tempo real e visibilidade em toda a cadeia de suprimentos.
Com seus altos padrões de segurança de dados, a tecnologia blockchain fornece a base de confiança necessária entre os parceiros da cadeia de suprimento, especialmente aqueles localizados em diferentes partes do globo.
Auditorias, que antes eram feitas manualmente, podem ser validadas por meio dos blocos sem risco de falsificação porque cada ação realizada na rede é documentada em ordem cronológica (de forma linear) e imutável. Além disso, os blockchains podem ser projetados para fins específicos, criando a possibilidade de um sistema multiempresarial onde várias organizações podem compartilhar as responsabilidades e colaborarem em conjunto.
Hoje em dia a adoção da tecnologia já é uma realidade. Cada vez mais grandes empresas estão implementando o blockchain em suas cadeias de suprimentos. Até mesmo os próprios fabricantes de ERP estão convertendo seus sistemas para não perderem a evolução do mercado. Com isso, percebe-se que no futuro a integração será em praticamente todos os setores industriais e, assim, aumentar a eficiência e transparência dos processos de negócios.
Diferentes Arquiteturas de Blockchain
Para atender uma ampla variedade de necessidades corporativas, existem métodos diferentes para estabelecer consenso de uma rede blockchain. Se um blockchain for público, qualquer pessoa pode participar na validação de transações, ter acesso às informações, inserir, ler ou visualizar os dados. Por outro lado, se o blockchain for privado somente os convidados têm permissão para executar um nó, fazer transações ou qualquer validação. No blockchain privado apenas a organização tem autoridade total sobre a rede, sendo ideal para empresas que trabalham com suprimentos, logísticas, finanças e outras áreas corporativas que precisam de um alto nível de segurança e privacidade dos dados.
Existem também os blockchains com permissão, onde os participantes obtêm um convite para realizar atividades específicas na rede. Normalmente, as empresas que configuram o blockchain privado também configuram uma rede com permissão, pois elas suportam muitas opções de personalização. E o blockchain de consórcio onde vários blockchain privados compartilham a responsabilidade de validação dos blocos. Os blockchains de consórcio são mais viáveis em cenários em que várias organizações operam no mesmo setor e precisam compartilhar informações para melhorar os fluxos de trabalho e a transparência.
Blockchain-as-a-service (Baas)
Da mesma forma que existem provedores de serviços de nuvem como o Software as a service (Saas), cuja função é fornecer uma estrutura para empresas de tecnologia, foi inventado o Blockchain-as-a-service (Baas).
O Blockchain-as-a-service funciona como uma estrutura baseada em nuvem de terceiro para que as empresas hospedem suas próprias redes blockchain, visando eliminar as complexidade técnicas e a sobrecarga operacional envolvidas na criação, configuração, operação e manutenção de um blockchain. Além disso, os custos de implementação em Baas são consideravelmente mais baixos do que a construção integral de um blockchain.
Muitos dos principais provedores de serviços de armazenamento em nuvem agora fornecem Blockchain-as-a-service, incluindo Microsoft, Amazon e IBM, o que está ampliando a possibilidade de implementação em massa de diversos segmentos.