Em 7 de outubro de 2008, a indústria da música foi revolucionada por uma empresa sueca de streaming que apresentou um inovador modelo de negócio, permitindo acesso ilimitado à música por meio de uma assinatura mensal: o Spotify.
Desde então, a empresa tem consolidado sua posição como a plataforma líder global de streaming de música, graças a uma combinação bem-sucedida de fatores. Sua conveniência aos usuários, parcerias estratégicas com detentores de direitos autorais e a possibilidade de acesso à música sob demanda, o que contribuiu para combater a pirataria musical.
Embora tenha alcançado muito sucesso, o Spotify sempre enfrentou críticas, especialmente relacionadas aos pagamentos de royalties aos artistas.
Compreender como funciona seu modelo de royalties é fundamental para entender o tema desta newsletter:
Na economia da música existem diversos participantes, incluindo produtores, compositores, gravadoras e curadores musicais. No Spotify, as gravadoras são seus principais clientes, pois a plataforma depende de acordo com elas para ter acesso às músicas protegidas por direitos autorais.
A plataforma repassa 70% de sua receita aos detentores de direitos autorais. Mas a questão é que a maioria dos detentores dos direitos autorais são as próprias gravadoras, que pagam os artistas de acordo com os termos acordados. E é por isso que, muitas vezes, os artistas que têm contratos com gravadoras acabam recebendo uma remuneração relativamente baixa em comparação com os lucros das gravadoras. Essa disparidade é o principal motivo das críticas direcionadas ao Spotify.
Por outro lado, artistas menores foram grandemente beneficiados por esse novo modelo de distribuição, já que lhes proporcionou a oportunidade de alcançar um público mais amplo, algo que poderia ser bastante difícil na era dos CDs físicos. No entanto, mesmo alcançando um público mais amplo, garantir um fluxo contínuo de receita vindo da plataforma é desafiador, considerando que o Spotify paga apenas 0.004 por reprodução de uma música. O que significa que um artista precisa acumular milhões de reproduções mensais para alcançar uma média de $4.000 por mês, algo que raramente acontece.
Em 2022, o Spotify anunciou que mais de 57.000 artistas geraram receitas superiores a $10.000 no ano (em comparação aos 23.400 em 2017), e 1.060 artistas obtiveram mais de US$1 milhão (em comparação com 460 em 2017), ou seja, a grande maioria dos artistas ganha cerca de $800 / $900 mensais. Além do valor relativamente baixo, os pagamentos podem demorar de 3 a 6 meses para serem realizados, o que pode impactar a estabilidade financeira dessas pessoas que vivem da música.
Então, basicamente, esse é o cenário do modelo de negócios do Spotify e algumas das razões pelas quais existe até uma página documentada no Wikipedia dedicada a essas críticas.
Assim como toda inovação que soluciona problemas antigos, também abre espaço para o surgimento de problemas novos. E qual a solução desses novos problemas? Os NFTs! Brincadeirinha haha! Os NFTs não são a solução para todos os problemas relacionados à indústria da música, porém, permitem a criação de novas possibilidades de monetização para os artistas musicais.
Atualmente, diversas plataformas Web3 têm surgido com o objetivo de apoiar os artistas musicais por meio de uma estratégia de distribuição complementar com os NFTs.
No entanto, nesta newsletter gostaria de me concentrar em uma que considero uma das melhores, visto que tem atraído a empolgação de muitos artistas com seus ganhos rápidos de monetização: a Sound.
A premissa fundamental da Sound é realinhar a dinâmica de poder dentro da indústria da música por meio de um modelo de negócios centrado no artista, permitindo que os artistas definam seus preços e maximizem sua receita por cada música criada.
Basicamente, os artistas lançam suas músicas no formato NFT, disponibilizam na plataforma, e os fãs se conectam com eles de uma forma mais direta, pois além de poderem ouvir as músicas quantas vezes quiserem, também podem colecioná-las.
Mas o que torna esse modelo realmente disruptivo é que, quando o fã coleta a música, a plataforma repassa 100% do valor arrecadado diretamente para o artista, sem cobrar nenhuma taxa. Em vez disso, introduz uma pequena taxa de cunhagem para os colecionadores por cada transação em um processo transparente e instantâneo onde o valor recebido é transferido diretamente para a carteira do artista.
Sem dúvida, esta nova estrutura oferece uma abordagem muito mais sustentável para artistas com sons mais experimentais que não aspiram ser um popstar.
Mas quando pensamos no lado dos ouvintes, uma pergunta comum é: por que colecionar se posso ouvir de graça?
De acordo com o fundador da Sound, David Greenstein, existem três razões principais pelas quais os fãs compram essas edições de música no formato NFT. O primeiro é o status social, onde as pessoas amam ser as primeiras a ter acesso a algo exclusivo. O segundo é o aspecto de modernização e especulação, já que os NFTs oferecem a oportunidade de potencialmente lucrar com a apreciação musical.
E o terceiro é que os NFTs também fornecem um acesso mais próximo ao artista, criando comunidades mais íntimas de fãs em torno de sua música, permitindo um contato mais próximo e significativo.

Esses três ingredientes tornaram a plataforma uma referência para artistas em termos de monetização. Os fãs realmente gostam desse aspecto colecionável de suas músicas favoritas e por isso os artistas estão se beneficiando muito financeiramente nessas plataformas Web3. Frequentemente a Sound destaca seus campeões em termos de colecionáveis, e é impressionante ver artistas gerando valores altíssimos com apenas 300 colecionadores/fãs.
O sucesso dessa estrutura de negócio indica uma reviravolta significativa na indústria da música, enfatizando que ter milhões de fãs não é mais o único caminho para o sucesso financeiro de um artista. Em vez disso, com apenas alguns fãs verdadeiros que valorizam e estão dispostos a investir em seu trabalho, pode ser uma base sólida para o crescimento sustentável de uma carreira musical.
Com a evolução da tecnologia, os artistas estão agora numa posição privilegiada, podendo escolher a plataforma de distribuição que melhor se alinha com os seus interesses e, sobretudo, tendo o poder de definir o preço da sua música.
Conheça outras grandes plataformas de músicas Web3: Royal, Glass, Zora, Spinamp